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Edição de 13-05-2011

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Arquivo: Edição de 04-03-2011

SECÇÃO: Chaves

Francisco Brochado produz uma média anual de 150 toneladas
Mel flaviense exportado para a Alemanha

fotoUm apicultor flaviense, Francisco Brochado, está a conquistar o mercado alemão. Das cerca de 150 toneladas anuais que produz, 90 por cento são exportadas para a Alemanha, um mercado que conquistou com a participação em feiras internacionais.
Francisco Brochado, natural de Vila Frade, gosta de insectos desde pequeno. Quando ia com as vacas, ficava horas deitado a ver as formigas trabalhar. Depois, já mais adulto apaixonou-se pelas abelhas. Tanto que, quando chegou a Vila Frade, vindo do Ultramar, e viu sua mãe na varanda à sua espera, não correu logo para os braços da mãe. Pousou a mala no estradão e foi primeiro ver os cortiços que deixara antes de partir. “Estava tudo morto!”. Foi depois deste desgosto que ainda hoje o emociona quando fala nele que Francisco Brochado começou a pensar a sério na apicultura, uma actividade que sempre o apaixonou. Hoje, tem cerca de 1.500 colmeias, produz uma média anual de 150 toneladas e já conquistou um dos mercados mais apreciadores de mel, a Alemanha. 90 por cento do mel que produz é exportado para este país. E mais que tivesse. “Tenho muito pedidos, mas não os consigo satisfazer”. O mercado nacional representa apenas dez por cento de toda a produção. Algum vende para supermercados, outro directamente aos consumidores. O crescimento da actividade foi gradual.
“Uma pessoa começa com um barco de papel num rio e quando vai a ver está em alto mar com um navio”, diz Francisco Brochado, de 69 anos, para explicar como um negócio que começou com 25 cortiços foi ganhado dimensão internacional. A mulher reclama. “É muito bonito! Ele anda lá [junto das abelhas] ao ar livre, ao pé das flores, e eu aqui metida em casa com os papéis”, protesta a esposa do apicultor, adivinhando que ainda não será tão cedo que se verá livre de tratar da contabilidade da empresa. É que o negócio está para crescer. Francisco Brochado vai transferir a “fábrica” do mel que possui no anexo junto à casa onde mora para as novas instalações que está a acabar de equipar na zona industrial. O investimento, de vários milhares de euros, vai permitir que o apicultor consiga exportar mel embalado. Agora, o mel que vai para Alemanha é vendido a granel, em bidões de 300 quilos. “É uma forma de ficar com essas mais valias que resultam do embalamento”, explica Brochado, garantindo que a mecanização que vai ser introduzida “não vai alterar os padrões de qualidade do produto”. “É o mal de alguns empresários, querem lucro à pressa, mas tem que se respeitar o consumidor, oferecendo-lhe um produto de qualidade”, defende.
A conquista do mercado alemão foi conseguida através da participação em feiras internacionais. No entanto, para Francisco Brochado, o sucesso do seu mel no mercado germânico prende-se com a sua qualidade. “A região onde é produzido é muito determinante para a qualidade do mel e, no Alto Tâmega, reino do granito, existem as espécies mais importantes para ter um mel de grande qualidade. Há substâncias minerais que não há noutras terras que não são graníticas”, explica o apicultor.
Além de mel rainha, Francisco brochado produz, para o mercado nacional, vários produtos derivados do mel: cera, que é utilizada em produtos de beleza; pólen, uma substância comestível de alto teor nutritivo, nomeadamente sais minerais; a apitoxina, que é extraída do veneno da abelha e que serve para imunizar os humanos que são alérgicos às picadas das abelhas; a feromona, usada como insecticida, e ainda o própolis, uma substância que é utilizada para calafetar as frinchas das colmeias.
Ao fim destes anos todos dedicados à apicultura, Francisco Brochado tem uma certeza, “não é uma actividade fácil”, mas foi a que ao logo da vida “mais o fascinou”.

Apicultor também investe na própria formação
Além do investimento feito na própria actividade, Francisco Brochado tem investido muito na sua formação. Já participou em inúmeros congressos mundiais sobre o tema, e onde lhe tem valido o inglês e o francês que aprendeu até ao “o antigo sétimo ano”, que concluiu. “Tenho gasto muito dinheiro. Quando em 1999 fui a um congresso mundial no Canadá, na Simon Fraser University, paguei 690 contos e cada aula para aprender a extrair feromona custava 90 dólares”, recorda o apicultor, que hoje é uma espécie de “cientista” da espécie. Conhece ao pormenor da sua anatomia, que faz questão de explicar a quem o visita. Numa das salas do anexo da casa onde, para já, tem instalada a actividade, Francisco Brochado tem expostos quadros pedagógicos sobre as abelhas e a produção de mel. As explicações estão em francês, mas Brochado fez a tradução. É também ali que guarda frascos de mel dos vários países por onde foi passando. De futuro, o apicultor quer transformar o espaço num museu.





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