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Edição de 13-05-2011

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SECÇÃO: Alto Tâmega

Exercício da tropa durou mais de uma semana e envolveu cerca de mil homens
Aparato militar não espanta povo da Gralheira

fotoMilitares de armas apontadas e carros de combate em posições estratégicas. A aldeia da Gralheira, em Vila Pouca de Aguiar, está em estado de sítio. O povo está sereno. Cidália Maria, de meia-idade, passa pelo aparato militar com a maior das naturalidades. Não sabe bem o que se passa porque pouco tem saído de casa. Quando, há pouco mais de uma semana, a neve cobriu a aldeia deu um tombo e ainda não está totalmente recomposta. “Ainda ando dorida, nem tenho falado com ninguém, mas deve ser um exercício, já têm vindo para aí mais vezes, mas desta vez há mais gente”, diz. E os miúdos não perguntam o que é que isto? “Eu ao meu neto meto-lhe medo, digo-lhe: ai és biqueiro [esquisito para comer]? Tens de ir para a tropa”, conta Cidália. Mais à frente, há mais moradores juntos. Também não se mostram espantados com a “invasão”. “Devia vir cá num domingo para ver o que aqui vai de gente!”. Os bailes, pimba, da Gralheira são conhecidos em toda a região. E o idoso sabe disso. Feitas bem as contas, as únicas incomodadas com a presença militar parecem ter sido as vacas de Cidália. “Na sexta, trazia-as ali num lameiro, arrebentaram com tudo e fugiram para casa, por causa dos aviões que andavam a voar baixinho”.
Os concelhos de Vila Pouca de Aguiar e de Chaves foram, durante mais de uma semana, palco do exercício final de aprontamento da força portuguesa que vai integrar e liderar o Battlegroup da União Europeia (EU) no segundo semestre de 2011. Ou seja, a força militar da EU que estará “de serviço” de Julho a Dezembro do próximo ano, para responder a missões humanitárias, cenários de manutenção de paz, de evacuação… Neste momento, é a Espanha a liderar o Battlegroup de serviço. “Isto não é bem um exército permanente, é um primeiro passo na entidade de segurança e defesa da União Europeia, de que já se vem falando há algum tempo, e que permite à União Europeia ter um instrumento armado, com mais ou menos 1.500 homens, com base num batalhão de infantaria e outros elementos de combate e de serviços, para intervir em crises onde seja importante baixar os níveis de violência, pôr fim a um determinado conflito ou fazer ajuda humanitária”, explicou, ao Semanário TRANSMONTANO, o general Antunes Calçada, comandante da Brigada de Intervenção e responsável pelo aprontamento da força nacional.
O exercício terminou terça-feira e envolveu cerca de mil militares, 50 pandur (o novo carro de combate que substituiu as velhas chaimites) e ainda vários meios aéreos. Em causa esteve a simulação de um cenário de conflito entre dois países, onde era necessário assegurar o cumprimento do acordo de reposição de fronteiras. Além da aldeia da Gralheira, a simulação desenvolveu-se nas antigas instalações da fábrica Tabopan, onde esteve montado o quartel-general da força, e na aldeia de Tresminas. No concelho de Chaves, no aeródromo, esteve instalado o chamado Elemento de Suporte Nacional, uma força de apoio logístico.
Antes de receber o aval internacional de prontidão, este Battlegroup, que também integra homens e meios dos exércitos espanhol, francês e italiano, irá ainda realizar um exercício conjunto, que deverá ter lugar em Itália. A certificação final da força terá lugar em Junho. O “teste” será em Portugal e, ao que tudo indica, novamente nesta zona.
Depois da certificação, o grupo estará pronto para ser projectado para qualquer parte do mundo, caso seja solicitada a sua intervenção. O “prazo de validade” destes grupos é de apenas seis meses. Passado esse período, é outro grupo, liderado por outro país, que passa a estar “de serviço”. O país que lidera o grupo é aquele que tem empenhado nele o maior número de homens e meios.





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