SECÇÃO: Região
Protecção civil não teve mãos a medir para acudir às várias solicitações
Neve encerrou escolas e cortou estradas
Escolas encerradas, aldeias isoladas, estradas cortadas, despistes... Eis o balanço do primeiro grande nevão que caiu um pouco por toda a região segunda e terça-feira passada. O despiste mais aparatoso ocorreu no viaduto de Pedras Salgadas da A24. Um camião invadiu os rails de protecção e ficou com parte da cabine suspensa sobre o viaduto.
Associada ao gelo, a primeira grande nevada deste ano causou inúmeros transtornos aos transmontanos.
Em Montalegre, na segunda feira, apesar de as aulas terem sido suspensas logo ao início da tarde, mal começou a nevar, alguns dos autocarros já não conseguiram sair sequer da estação de camionagem. Por isso, a maioria dos alunos teve de ser levada a casa nos carros de tracção dos bombeiros e nos veículos 4 x 4 da autarquia. Nesse mesmo dia, os bombeiros também não tiveram mãos a medir para rebocar carros na estrada que liga o concelho de Montalegre a Chaves.
Mas não foi só em Montalegre que a neve apanhou a população de surpresa. Em Chaves, na estrada de Carrazedo, houve quem tivesse ficado várias horas parado por causa de carros que se foram atravessando na via. Em Boticas, viveram-se situações semelhantes.
Os bombeiros de Valpaços também tiveram uma missão importante. Foram ao encontro dos congéneres de Ribeira de Pena para resgatar uma reserva de sangue de que o Hospital de Valpaços estava à espera. O carro da empresa do Porto que transportava o sangue ficou preso na A7.
No dia seguinte, terça-feira, a neve continuou a cair e os transtornos mantiveram-se.
O despiste mais aparatoso do dia registou-se no viaduto da A24, em Pedras Salgadas, ao início da manhã. Ao sair da via, o veículo invadiu os rails de protecção, ficando com a cabine semi-suspensa no viaduto do rio Avelâmes. Apesar do aparato, o condutor, natural de Vila Verde de Braga, sofreu apenas ferimentos ligeiros. Difícil revelou-se a operação de remoção do camião, que seguia com destino a França. Ao que foi possível apurar junto de fonte da Brigada de Trânsito, o veículo só foi retirado cerca das 19h00, quase doze horas depois do acidente.
Por precaução, nos concelhos de Montalegre e Boticas as escolas nem sequer abriram. E, apesar de as equipas de protecção civil colocarem no terreno toda a frota de remoção de neve, várias al-deias ficaram isoladas. “A circulação faz-se, mas com muita dificuldade. Está tudo de férias”, resumia, ao final da tarde nesse dia, o comandante dos Bombeiros de Montalegre, David Teixeira.
Em Boticas, a situação foi semelhante. A protecção civil foi obrigada a montar um dispositivo para fazer chegar aos idosos do concelho as refeições que recebem no âmbito do apoio domiciliário. Em Couto de Dornelas e Alturas do Barroso, por exemplo, a circulação na estrada só se fazia com recurso a carros com tracção.
No distrito de Bragança, o mau tempo e a neve também se revelaram uma carga de trabalhos para as pessoas que na tarde da passada segunda-feira tentaram viajar para o Porto através do IP4. Por exemplo, o autocarro da empresa EVA, que transportava passageiros provenientes de Bragança e Macedo de Cavaleiros, ficou retido, cerca das 16h00, a 10 quilómetros de Vila Real. À sua frente já se aglomeravam dezenas de viaturas e com o passar do tempo, até à meia-noite, altura em que apareceu o carro limpa-neve, para limpar a estrada, muitas outras se lhe juntaram até formar uma longa fila. As pessoas desesperavam, até porque a maior parte delas não dispunham de alimentos para enganar o estômago durante aquele longo espaço de tempo de mais de 10 horas. A mesma situação passaram a enfrentar, uns quilómetros atrás, no alto do Pópulo, as viaturas que entretanto continuavam a circular no IP4, entre as quais alguns autocarros com passageiros prove- nientes do Nordeste Transmontano. Com o desimpedimento da via cerca da meia-noite, outro problema foi o de encontrar alojamento para tanta gente em Vila Real. Os passageiros da empresa EVA só conseguiram tomar uma refeição e hospedagem, cerca das duas horas de terça-feira, na unidade hoteleira da Casa de Mateus.
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