SECÇÃO: Bragança
Menina de 5 anos teve mesmo de receber transplante de fígado
Ingestão de cogumelos venenosos levou família ao hospital
No final da semana passada, quatro pessoas da mesma família, entre as quais uma criança, foram internadas no hospital de Bragança na sequência de uma intoxicação provocada pelo consumo de cogumelos venenosos. A menina, de 5 anos, teve de receber um transplante de fígado. À hora de fecho desta edição, todos os membros da família continuavam internados, embora a reagir bem aos tratamentos.
Ao que tudo indica, a família, residente na aldeia de Carragosa, terá comido os cogumelos dois dias antes de ter recorrido ao hospital, na sexta-feira da semana passada. Em causa estava uma mulher na casa dos 60 anos, a filha e o genro, com cerca de 40 anos, e a neta, de apenas cinco anos. Quando deram entrada nos serviços hospitalares teriam sintomas de gastroenterite, nomeadamente vómitos.
Inicialmente, a família não terá revelado logo aos médicos que tinham ingerido cogumelos. Só perante a insistência das perguntas dos clínicos, que tentavam perceber o que poderia estar por trás daquele estado clínico, a família terá falado na ingestão dos cogumelos. Aliás, ainda foi possível recolher uma amostra da espécie consumida, o que facilitou o tratamento.
No domingo, a criança foi transportada de helicóptero para os hospitais da Universidade de Coimbra, onde foi submetida a um transplante de fígado. Os restantes membros da família, a avó e os pais da menina, continuam internados no hospital de Bragança, em estado considerado estável.
Segundo revelou à Rádio Brigântia, uma investigadora de cogumelos no Instituto Politécnico de Bragança, Anabela Martins, a espécie consumida pela família, a Manita Phalloides, é um cogumelo que tem uma toxina que ataca órgãos vitais como o fígado e os rins. “Aquilo que acontece é que, numa primeira fase, dá vómitos e diarreia. Depois, passam os sintomas, mas quando a toxina chega ao fígado, acaba por destruí-lo e a seguir passa para os rins”, explicou à mesma fonte a especialista, recomendando que quando não se tem a certeza sobre se se trata ou não de cogumelos comestíveis não se devem comer. “A maioria dos cogumelos não é perigosa, mas os que são, são demasiado perigosos”, alertou Anabela Martins.
Este não foi, contudo, o incidente mais grave relacionado com o consumo de cogumelos tóxicos, ocorrido no distrito de Bragança. Há 26 anos, na aldeia de Baçal, quatro pessoas da mesma família, pai e três filhos, morreram, depois de terem comido cogumelos que tinham apanhado no monte. A partir de então, na aldeia, a maior parte das pessoas deixou de comer qualquer tipo de míscaros silvestres.
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