SECÇÃO: Macedo de Cavaleiros
No último ano registou-se um aumento de 600 efectivos
Concurso da ovelha churra badana é um incentivo para a sobrevivência da raça
Promovido pela Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Badana decorreu, no domingo passado, em Macedo de Cavaleiros, um concurso de gado destinado à preservação desta raça de ovelhas. A adesão por parte dos criadores não foi muito significativa, devido ao mau tempo, mas, segundo a organização, os objectivos do certame, a sobrevivência da raça, mantêm-se intactos e válidos para os próximos anos.
O solar da raça foi, durante muitos anos, o concelho de Torre de Moncorvo. Os solos fracos e a inerente qualidade dos pastos, associada à topografia do terreno, eram os aspectos que influenciavam a escolha dos animais daquela raça, menos corpulenta e menos exigente em termos de pastagens. Porém, por ironia das vicissitudes, hoje a raça está mais implantada nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Vimioso. Só a quinta da Ribeira, em Macedo de Cavaleiros, possui 443 fêmeas reprodutoras, mas, no concelho, é em Ala, Brinço, Gralhós, Lagoa, Morais e Talhas onde há mais criadores. Santulhão, em Vimioso, e S. Martinho do Peso, em Mogadouro, são localidades que registam também alguma adesão à introdução da raça. Segundo dados fornecidos pela Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Badana, neste momento, há em toda a região (e no país) apenas 3.500 fêmeas reprodutoras, situação que afigura o cenário de extinção que paira sobre a raça. Aspecto animador, no entanto, é o facto de no último ano se ter registado um aumento de 600 ovelhas aos efectivos existentes. Para além das características pouco exigentes de pastagens, outro dos aspectos que terá influenciado este aumento de efectivos é o do subsídio anual de 30 euros por cabeça (motivado pelo facto da raça estar em vias de extinção), que é atribuído aos criadores de ovelhas daquela raça.
Os exemplares premiados no concurso de domingo, pertencem aos criadores, Amândio Rodrigues Sá, do Brinço, na categoria de malatas e malatos (fêmeas e machos de um ano) e Amílcar Fernandes Galhardo, de Talhas, na categoria de carneiros e ovelhas.
De acordo com a organização, os ovinos da raça churra badana são animais rústicos, de pequeno porte, mas especialmente criados para a produção de carne. Os borregos são muito apreciados pela “qualidade organoléptica” da sua carne. Ao desmame, com 45 dias, normalmente já pesam 13 quilo e meio e aos 105 dias podem pesar 24 quilos. Embora esta raça apresente índices razoáveis de produção leiteira, ao contrário do que era hábito no concelho que outrora foi o solar da raça, são raros ou praticamente nenhuns os produtores que hoje exploram essa característica da raça. No entanto, segundo dados da associação, “a produção média por animal supera os 89 litros, valor este que inclui as primíparas (ovelhas que deram à luz pela primeira vez) do rebanho, e com uma lactação de 156 dias”. Em tempos, bastante importante, em termos económicos, a produção de lã é hoje um aspecto residual do ciclo anual da contabilidade de uma exploração. Actualmente, a lã só é praticamente procurada pelos artesãos para o fabrico de tapetes, carpetes e colchas.
|