SECÇÃO: Macedo de Cavaleiros
Albufeira está a ser despejada por carros cisternas
Ninguém sabe a quem pertence a Barragem da Carvalheira
A Barragem da Carvalheira está a ser esvaziada por camiões cisterna de empreiteiros e ninguém consegue pôr cobro a tal situação. O vereador do Partido Socialista Rui Vaz levantou a questão na reunião de Câmara da passada segunda-feira e a resposta dada pelos responsáveis pela gestão camarária foi manifestada por um gesto de surpresa. O Semanário TRANSMONTANO (ST) também quis obter, junto da mesma entidade, uma explicação para a situação. Vagamente foi apenas esclarecido que a infra-estrutura deve pertencer ao Instituto da Água (INAG), que tutela os recursos hídricos do país. Questionada sobre o assunto, a Administração Regional de Hidráulica do Norte (ARHN) do Porto também não soube esclarecer esta dúvida e prometeu dissipá-la, na terça-feira passada, informação que, até hoje, ainda não deu. Neste vaivém de incertezas, um responsável institucional da área do Ministério Ambiente adiantou que a Barragem afinal pertenceria à Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros. Porém, a agremiação agrícola garante que não. Na Cooperativa dizem que a Barragem foi de facto construída para lhes ser entregue, mas que publicamente o que se sabe é que a entidade que a explorou, desde há mais de 30 anos, antes da construção da Barragem do Azibo, foi a Câmara Municipal, como captação principal da água que abastecia a então vila de Macedo de Cavaleiros. Aliás, este abastecimento ainda chegou a ser restabelecido pontualmente, em várias ocasiões, já depois de a adução do Azibo estar a funcionar. Argumentava-se então que a captação da Carvalheira ficava muito mais barata. Esse recurso deixou, no entanto, de ser utilizado após a entrega da responsabilidade do abastecimento de água ao concelho à empresa Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Neste jogo do empurra onde ninguém sabe a quem pertence o empreendimento, residirá a explicação para o facto da Barragem da Carvalheira, que outrora foi a principal fonte de abastecimento de água a Macedo de Cavaleiros, estar praticamente vazia. O vereador socialista acredita que os principais responsáveis pelo esvaziamento são os camiões cisterna dos empreiteiros que andam a construir o IP2. No entanto, pelo que atrás foi referido, ninguém terá alegadamente autoridade para proibir os empreiteiros de retirar dali a água. Desta ausência de propriedade pode deduzir-se a explicação para o abandono a que a barragem foi votada, nos últimos nove/10 anos. É que, ao longo do perímetro do que resta de água da pequena albufeira - há alguns anos paraíso para os pescadores desportivos - o que mais ali sobressai, hoje, são os dejectos e pegadas de ovelhas que ali aportam para beber ou pastar. Da descarga de fundo esguicha um contínuo e enorme jacto de água, ao qual se poderá também atribuir a responsabilidade pela baixa cota da albufeira. Do descarregador de superfície demarcam-se apenas as paredes: o piso já foi dominado pelo matagal e pelas silvas. Ao que tudo indica, a barragem da Carvalheira foi construída com dinheiros públicos, no tempo do engenheiro Camilo Mendonça.
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