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Edição de 13-05-2011

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Arquivo: Edição de 30-07-2010

SECÇÃO: Montalegre

População revoltada com onda de envenenamento de cães

Em pouco mais de três dias, cerca de 50 cães terão morrido envenenados, no concelho de Montalegre. O veterinário municipal, Domingos Moura, fala em “envenenamentos premeditados e organizados”, com recurso a estricnina, um veneno fulminante, cuja venda em Portugal é proibida. A população está revoltada.
fotofotoÀ saída da GNR de Montalegre, onde apresentou queixa contra desconhecidos, Jorge Pereira mal conseguia falar com o “desgosto”. Depois de ser visto por um veterinário local, o seu dogue alemão ainda chegou com vida a uma clínica veterinária de Chaves. No entanto, acabou por morrer pouco tempo depois. Segundo o relatório do médico-veterinário, a causa de morte mais provável foi intoxicação por estricnina. “Nós vimos-lhe meter qualquer coisa à boca e passado pouco tempo já se estava a deitar”, conta Jorge, ainda com a voz embargada.
António e Céu Afonso também ficaram sem o Rox e o Simba. “Faziam parte de nós. É injusto, nós tratávamos bem deles, tinham as vacinas em dia. Só andavam soltos, mas não faziam mal a ninguém”, explica Céu. “É um acto de cobardia, não se faz!”, acrescenta António.
As mortes, que terão ocorrido entre quinta e sábado da semana passada, têm-se verificado quer na sede da vila, quer em algumas aldeias, nomeadamente em Meixedo, Codeçoso e Donões. “Estamos sem dúvida perante envenenamentos premeditados e feitos de forma organizada. É de lamentar! Há pessoas a chorar, pois estamos não só a falar de cães vadios mas também de cães de guarda que os donos não trocavam por nada deste mundo”, afirma o veterinário municipal, revelando que já foram recolhidos órgãos de alguns animais, no sentido de se proceder a análise.

Funcionários da Câmara sob suspeita

Embora a maioria das pessoas tenha optado por não apresentar queixa formal na GNR, sábado já havia sete participações. Ao que foi possível apurar, há uma desconfiança generalizada de que os envenenamentos estejam a ser praticados pelos próprios serviços da Câmara, que desta forma quererão fazer uma “limpeza com pouco trabalho”. Aliás, a GNR já terá feito buscas a veículos dos serviços operacionais da autarquia. No entanto, não terá sido encontrado nenhum indício. Mas esta tese também não encaixa com o facto de não estarem apenas a morrer cães vadios. Alguns dos cães envenenados estavam em propriedades privadas e vedadas. Aliás, a Câmara já reagiu à suspeita. Em comunicado de imprensa, o presidente da Câmara saiu em defesa dos funcionários. “Ninguém da Câmara é responsável desta mortandade, muito menos o pessoal da caça. O Engenheiro Rui Cruz (responsável do sector) nunca permitiria uma coisa destas porque é claramente e frontalmente contra qualquer atitude deste género”, afirmou Rodrigues, garantindo que tudo fará para que se apure quem foram os responsáveis.

Mortes muito violentas
Ao que tudo indica, o envenenamento estará a ser feito com recurso a estricnina, substância produzida em França. De acordo com o veterinário municipal, Domingos Moura, trata-se de um pó branco e inodoro, que nos cães tem um efeito altamente tóxico. A venda em Portugal é proibida. No entanto, ao que tudo indica, ainda haverá locais onde o produto pode ser encontrado de forma ilegal. Depois de ingerir o produto, que estará a ser colocado em pedaços de carne e chouriço, os cães têm convulsões e espasmos. “Os músculos do aparelho respiratório ficam bloqueados. É uma morte muito violenta e repentina”, explica Domingos Moura. E de facto, de acordo com outro veterinário que tem sido chamado a várias ocorrências desta natureza, Pedro Barroso, os cães apresentam todos os mesmos sintomas.





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