SECÇÃO: Mirandela

Condutor terá tido morte imediata
Camião galgou protecção e caiu de uma altura de mais de seis metros

Na passada segunda-feira, um camião carregado de carne galgou o muro de protecção de um declive com cerca de seis metros, na estrada que liga Valpaços e Mirandela. O condutor, de 50 anos, terá tido morte imediata. O outro ocupante, de 36 anos, sofreu apenas ferimentos ligeiros.
O acidente terá ocorrido cerca das 09h40, junto à Ponte de Vale de Telhas, ainda no concelho de Mirandela. À saída de uma curva, o pesado, uma viatura do Matadouro de Vinhais, carregada com 25 carcaças, terá entrado em despiste, arrastando a carroçaria vários metros sobre o muro de protecção do declive. Mais ou menos a meio do muro acabou mesmo por tombar. Caiu completamente virado ao contrário.
“Eu vi o precipício à minha frente, a minha sorte foi parar!”, contou António Correia, que seguia na direcção contrária e testemunhou o acidente. Depois de accionar o 112, António correu para junto do muro de protecção. “Chamei, chamei, mas ninguém me respondia. Não fui lá baixo porque estava sozinho”, recordou. No entanto, ao que foi possível apurar, o sobrevivente saiu do camião pelo próprio pé para pedir auxílio. “Veio a andar até apanhar rede no telemóvel para me ligar”, contou o chefe de serviços do Matadouro, José Urbino Alves. O funcionário, com cerca de 36 anos, terá tido noção de que o seu colega, de 50 anos, já estaria sem vida. “Ele disse-nos que só lhe via um braço”, recordou, consternado, José Urbino Alves. O resgate do cadáver foi, de facto, complicado, uma vez que a cabine do camião do lado do condutor estava completamente amassada contra o solo. Para retirar o corpo da amálgama de ferros, os Bombeiros de Valpaços demoraram quase três horas. Depois, o corpo foi içado por uma grua até à estrada. Complicado revelou-se também a retirada do camião. Já havia uma grua no local e era ainda aguardada a chegada de uma outra. A estrada esteve com o trânsito condicionado várias horas.
Segundo o chefe dos serviços do Matadouro, a vítima, Orlando Barreira, natural da aldeia de Travanca, no concelho de Vinhais, era um condutor experimentado e também estava habituado àquela estrada. “Faziam este percurso duas vezes por semana. Uma semana conduzia ele, outra semana o colega”, recordou, revelando que a vítima mortal já trabalhava na empresa há nove anos.
Ontem, antes de pegar no camião, Orlando Barreira já tinha feito uma descarga de carne em Vinhais com um carro mais pequeno. Depois, ele e o colega arrancaram para mais uma manhã de distribuição de carne por talhos de Valpaços e de Chaves. A rotina acabou por ser interrompida com o trágico acidente.
“Coitado! Eu almoçava tantas vezes com ele”, lamentava, no local, um amigo. Outras pessoas que acorreram para ver o aparato maldiziam a estrada (EN206), “estreita, com muitas curvas, e com muita inclinação”.