SECÇÃO: Região
Protecção civil sem mãos a medir
Mau tempo provocou estragos um pouco por toda a região
Árvores caídas, inundações, abatimento de terras, muros, coberturas... O mau tempo provocou estragos um pouco por toda a região. Tâmega, Douro e Tua transbordaram.
As populações ribeirinhas ao Douro, Tâmega e Tua não tiveram vida fácil desde a madrugada da quinta-feira da semana passada até domingo.
Em Chaves, na madrugada de quinta-feira, o Tâmega subiu três metros acima do seu leito normal e desalojou quatro pessoas, além de ter invadido alguns espaços comerciais. No dia seguinte e até domingo, por precaução, uma idosa, residente no Caneiro, ficou alojada numa pensão da cidade. Em termos comerciais, um dos mais afectados foi o proprietário do restaurante Verde Lírio.
“Na quarta, assaltaram-me o armazém, ontem, quinta, foi a cheia, hoje,sexta, é a limpeza, que mais me irá acontecer? Só me falta sair o euromilhões”. Filipe Lopes, proprietário do restaurante Verde Lírio, junto à Ponte Romana sobre o Tâmega, ri-se para não chorar. Na sexta-feira, já contava três inundações. Mas o número haveria logo de aumentar na madrugada de domingo.
Inundada foi também a ciclovia e o parque de lazer, construídos no âmbito do programa Polis, e ainda grande parte da zona envolvente às Termas. Em Vidago, o caudal da Ribeira de Oura também transbordou, o que originou a inundação dos anexos do lar de idosos. Em Mirandela, o Tua também galgou as margens, inundando o parque de merendas e alguns terrenos agrícolas. Na Régua, o Douro também saiu das margens, pondo em alerta as populações e a protecção civil.
Queda de árvores, muros, postes, coberturas...
No entanto, além das inundações, houve outros prejuízos a registar por causa da chuva e do vento que se fez sentir. No sábado uma derrocada de pedras na linha do Douro, junto à quinta da Dona Matilde, suspendeu a circulação de comboios entre as estações do Douro e Tua. No concelho de Chaves, na aldeia de Roriz, a queda de quatro postes deixou a aldeia sem comunicações fixas e, um pouco por todo o lado, houve queda de árvores. No cruzamento das Eiras, um stand de automóveis ficou sem cobertura. Em Vidago, o mau tempo também não poupou o Campo de Futebol João de Oliveira. A chuva infiltrou-se e fez ruir o muro de suporte do lado da baliza topo norte.
Os estragos no complexo desportivo são elevados porque a estrutura de suporte ficou bastante danificada. Sem verbas para concertar os danos, o presidente do clube, Rui Branco, já apelou a todos os Vidaguenses e a todos os amigos do clube para que se mobilizem e, num acto solidário, ajudem a instituição a ultrapassar este problema.
No concelho de Montalegre, em Meixide, a força da água fez abater uma pequena parte da berma da estrada. As comportas da barragem dos Pisões tiveram de ser abertas.
Em Vila Real, os habitantes de Abambres não ganharam para o susto, quando na tarde de sábado uma grua de grandes dimensões colocada junto ao Campo Dona Maria de Lurdes Amaral e que serviria de apoio à construção de um edifício adjacente ao campo caiu devido ao forte vento. Felizmente, a grua atingiu apenas parte do jardim de uma habitação confinante. Além disso, o vento também provocou estragos no telhado do Pavilhão da Nave de Desportos.
Montalegre
Neve reteve turistas em Pitões das Júnias
Enquanto na maioria das localidades da região chovia, no domingo, em Pitões das Júnias, Montalegre, nevava. A neve começou a cair a partir das 16h00 e reteve na aldeia cerca de 20 turistas. Os forasteiros, naturais de Barcelos, ainda tentaram fazer-se à estrada, no entanto, acabaram por ficar bloqueados poucos quilómetros depois.
As viaturas onde seguiam foram rebocadas novamente para aldeia com a ajuda de alguns moradores, que disponibilizaram tractores. Entretanto, chegaram também os bombeiros de Montalegre.
De acordo com o comandante da corporação, estavam em causa seis a sete carros. “Há cerca de dois palmos de neve na estrada. A única hipótese foi rebocar as viaturas novamente para a aldeia, onde as pessoas terão que pernoitar”, explicou David Teixeira. Ao que foi possível apurar, o grupo tinha chegada a Pitões no sábado. Estavam divididos entre uma casa de turismo rural e uma pensão. “Eles andavam tão contentes e tão deslumbrados com a paisagem que nem se lembraram que isto podia acontecer”, disse fonte da estalagem onde parte dos turistas estavam instalados.
(*) Com José Carlos Leitão e A. Gonçalves
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