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Edição de 13-05-2011

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SECÇÃO: Valpaços

Militar morreu na Guiné na guerra do ultramar
Restos mortais de militar chegaram a Sá 36 anos depois

fotoJá não há luto, nem choro, nem revolta. Sobram lágrimas de emoção. No domingo, os restos mortais de um militar morto na Guiné, há 36 anos, foram a enterrar na sua terra natal, Sá, em Valpaços. A família sente-se aliviada. “Aqui está num lugar protegido e onde é respeitado”.
“Já o cá temos connosco!”. Fernando Machado acena que sim, agradece as palavras. Tem as mãos ocupadas para abraços efusivos. Com uma segura o guarda-chuva, com a outra agarra o ombro do pai. Nunca o larga. “Não tenho palavras, muito obrigada!!”, repete a quem vai passando e se dirige a ele. O pai mal consegue falar. E quando o tenta fazer, caiem-lhe lágrimas pelo rosto. A mãe quis dar “um beijinho no caixão”.
No passado domingo, 36 anos depois, a família do furriel José Carlos Machado, de Sá, Valpaços, enterrou, finalmente, no cemitério local o filho. José morreu na guerra, na Guiné, a 25 de Maio, de 1973. Estava a fazer reabastecimento a um aquartelamento quando uma granada atingiu o edifício. Morreu juntamente com outros colegas. A notícia chegou a Sá através de um telefonema para o posto público. “Lembro-me que andávamos a tirar ervas numa terra de batatas. Foram-me chamar, mas eu nunca pensei que fosse isso”. Fernando Machado, irmão de José Carlos, tinha, então, 20 anos. O irmão 22. No final do enterro, que teve honras militares, Fernando, emigrante nos Estados Unidos da América, não escondia a emoção. “É muito emocionante ver aqui amigos dele e meus. Sinto orgulho e regozijo-me por ele estar aqui. Aqui sei que está num lugar protegido e onde é respeitado. Lá, estava num terreno sem qualquer vedação, passavam animais...”.
O processo de trasladação do corpo foi longo e teve intervenção directa da Liga de Combatentes, que se fez representar no funeral. Fernando Machado agradece também e em especial a um sargento que se empenhou na trasladação. “Eles tem aquela máxima de que ninguém pode ficar para trás, vivo ou morto”, explica o irmão da vítima.
Um dia antes do funeral, dia 9, José Carlos Machado e os outros dois militares trasladados foram homenageados no Monumento dos Combatentes do Ultramar (junto ao forte do Bom Sucesso, em Lisboa).
Antes de chegar a Portugal, os restos mortais de José Carlos e dos outros dois militares estiveram numa capela na Guiné durante vários meses. Foi ali onde foram feitos os exames necessários para garantir a identidade de cada um deles. “O exame de DNA não foi conclusivo a cem por cento, mas pela antropologia, pela medida dos ossos temos 90 e tal por cento de certeza que é ele”, conclui Fernando Machado.





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