SECÇÃO: Região
Obras arrancam em Março
Primeiros lanços da A4 prontos dentro de dois anos
As obras da Auto-Estrada Transmontana, que ligará Vila Real e Bragança, vão arrancar no próximo mês de Março. A garantia foi deixada pelo primeiro-ministro em Bragança precisamente no dia em que assinou o contrato de adjudicação da via. Em Julho de 2011, quando os 130 quilómetros de via estiverem concluídos, viajar entre as duas capitais transmontanas vai demorar menos 36 minutos. Os estudos apresentados apontam também para uma diminuição da taxa de sinistralidade grave em 65 por cento.
Os primeiros troços da Auto-Estrada Transmontana vão abrir ao trânsito dentro de dois anos e um ano antes da conclusão de toda a obra, em Julho de 2011. O anúncio foi feito, na passada quarta-feira, em Bragança, pelo ministro das Obras Públicas durante a cerimónia de concessão da A4 ao consórcio vencedor do concurso público lançado há um ano.
Mário Lino salientou que o distrito de Bragança é a zona do país mais atrasada no que diz respeito ao Plano Rodoviário Nacional e que, com a adjudicação da A4, IP2 e IC5, vai cumprir-se mais do 90 por cento do que está previsto.
“Daqui a 32 meses teremos tudo isto construído, mas daqui a 24 meses teremos abertos ao trânsito os primeiros três troços, que vão de Vila Real a Sabrosa, o troço no concelho de Macedo de Cavaleiros e a variante a Bragança”, adiantou Mário Lino.
O lanço da A4 a construir entre Vila Real e Bragança vai ter130 quilómetros, fazendo o aproveitamento do corredor do IP4. A viagem entre as duas capitais vai demorar menos 36 minutos que actualmente.
O presidente da comissão executiva da Soares da Costa, que lidera o consórcio vencedor, salientou que a empresa vai procurar minimizar os estrangulamentos que esta situação vai causar aos automobilistas.
“Uma parte significativa da obra vai ser executada no traçado do actual IP4 e isso não se consegue fazer sem pedir sacrifícios aos utilizadores”, afirmou Pedro Gonçalves, acrescentando que vão procurar faze-lo “da forma mais rápida e com menor perturbação possível”.
A obra, que deve estar concluí-da no final de 2011, vai ter no terreno mais de dois mil trabalhadores dentro de um ano.
O primeiro-ministro que sempre se referiu à A4 como “a auto-estrada da justiça” diz agora que este investimento se faz por razões de “igualdade”. Mas José Sócrates aponta “a economia e a qualidade de vida” como mais duas razões para a construção desta via.
A A4 deverá induzir uma redução da taxa de sinistralidade grave na ordem dos 65 por cento, o que significa também uma diminuição média de 19 mortos por ano. O chefe de Governo salienta, por isso, que “este é um investimento na segurança porque salva vidas”.
O investimento, de 440 milhões de euros, conta com financiamento de 291 milhões do Banco Europeu de Investimento.
Autarcas esperam que A4 traga desenvolvimento económico
A Auto-Estrada Transmontana vai beneficiar directamente os concelhos de Amarante, Vila Real, Sabrosa, Murça, Alijó, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança abrangendo cerca de 250 mil habitantes.
O dia da concessão da A4 era há muito esperado pela população e autarcas locais.
O presidente da Câmara de Bragança entende que este era um passo fundamental para desencravar a região e promover o desenvolvimento económico. “Esta era a prioridade porque sempre se considerou que sem boas acessibilidades não era possível abrir portas para o desenvolvimento” afirma Jorge Nunes.
Agora que o capítulo das acessibilidades está fechado, o autarca de Mirandela já sabe quais são as reivindicações que se seguem. “Agora temos de reivindicar ajuda nos factores de produção, para que os nossos concelhos se tornem competitivos”, refereriu José Silvano.
O presidente do NERBA também espera que assim seja, mas lembra que há outras estradas que não podem ser esquecidas. “Há concelhos com algumas debilidades que deverão beneficiar com o conjunto das três estradas a construir mas é preciso fazer mais alguma coisa ao nível da rede viária intermunicipal”, salientou Rui Vaz.
Vimioso protesta
Quem não está muito satisfeito com a melhoria das acessibilidades rodoviárias na região é um grupo de habitantes e comerciantes de Vimioso que esta quarta--feira esteve presente no castelo de Bragança, onde decorreu a cerimónia de concessão da A4.
Envergavam cartazes relativos ao impasse que se mantém na ligação entre a sede de concelho e o actual IP4, por causa do rato cabrera.
O grupo não quis prestar declarações à comunicação social, mas a iniciativa mereceu o apoio do presidente da Câmara de Vimioso.
José Rodrigues explicou que a revolta dos empresários se deve ao facto de terem sido criadas expectativas que saíram defraudadas. “Está ali um empresário que investiu em Vimioso porque eu lhe prometi que havia estrada porque o Governo também me prometeu a mim e, agora, vê-se frustrado”, afirmou o autarca.
“Fez-se justiça com a autoestrada, mas continua a não se fazer justiça com a estrada que precisamos”, acrescentou.
O autarca teme que o concelho de Vimioso fique ainda mais isolado no distrito de Bragança. “Se num ano se consegue fazer a concessão de uma auto-estrada não percebo como é que são precisos mais de 10 anos para fazer uma ligação de 10 quilómetros”, conclui José Rodrigues.
|