SECÇÃO: Bocas Verrinos(s)as
Ou oito ou oitenta!!!!
Isto vai mesmo de mal a pior! Em Montalegre, com o medo da ASAE muitos produtores já decidiram não participar na Feira do Fumeiro. As exigências são tantas que para quem matava um ou dois porquitos deixa de compensar. É sempre assim: passa-se do oito para o oitenta. Depois de anos a fio a fechar os olhos à forma como o fumeiro era produzido, agora não há cá meios termos, toca a cumprir e mais nada. E que se lixe quem prefere umas chouricitas de sorça feita em alguidares de barro, ensacadas com mãos sem luvas e a fuso; ou secas em cozinhas todas enfarruscadas e com cinza a cair-lhes por cima.
Por que não deixar a escolha ao consumidor? Deixar que seja quem vai comer a optar por fumeiro que segue as normas que o padroniza e lhe atribuiu um certificado de qualidade, ou escolher o que tia Maria faz como aprendeu com a mãe, que aprendeu com a avó, e que umas vezes sai melhor, outras pior, umas vezes ficam com mais gordura, outras vezes com menos. Por que não deixar correr este risco a quem assim quiser? Em nome da saúde pública? Fumar mata e não é proibido.
As cozinhas tradicionais, as fábricas de fumeiro e as chouriças da tia Maria podem conviver perfeitamente. Há clientes para todos, desde que nos dêem possibilidade de escolha. Mas, por este andar, qualquer dia, a ASAE vai chegar ao cúmulo de fiscalizar o frigorífico e a despensa de cada um e decidir o que podemos ou não comer. Nem oito, nem oitenta, por favor!!!
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