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Edição de 13-05-2011
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Opinião

Contra Ventos e Marés

Mário Soares, o 12 de Março ou todos à rasca)

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ssim como Khadafi vê a realidade distorcida no seu país, afirmando que o povo o ama e tudo está calmo (segundo ele só existem escaramuças de rebeldes), do mesmo modo Mário Soares – com a devida distância que vai de um ditador sanguinário a um democrata -, viu distorcida a realidade do país real quando julgou, num artigo de sua autoria publicado no “Diário de Notícias”(DN) na véspera da manifestação da “geração à rasca”, que essa mesma manifestação marcada para o dia 12, era patrocinada por gente “perigosa, antidemocrata e niilista” (será mau ser-se niilista nos tempos que correm?). Aliás, a “turbamulta”excedeu todas as expectativas e não foram só os jovens a indignarem-se. Foram adultos, e bem adultos, preocupados com o rumo do país.

De facto, essa “gente” que se manifestou, sábado, dia 12, não foi a que caracterizou Mário Soares no DN. Foram jovens (e não só) nados e criados no ambiente político, económico, cultural e social pós 25 de Abril – a que se juntou muita gente nascida antes dessa data histórica - que sentem dificuldades crescentes no dia-a-dia e desesperam por estabilidade profissional enquanto os pais vão desesperando e se esforçam por ajudar os seus filhos na medida do (im)possível. São jovens desempregados, muitos vivendo em casa dos progenitores, que já não são seduzidos pelo “cantar de sereia” dos partidos, nomeadamente os do “centrão político” que muito prometeram e quase nada deram. Assim como, ao tempo, os movimentos oposicionistas a António Salazar davam conta da pobreza, das desigualdades existentes no país e da guerra colonial que ía destroçando as expectativas da juventude, do mesmo modo os jovens da actualidade vêem a pobreza e as dificuldades a crescer, as desigualdades a acentuarem-se, os impostos a garrotarem as famílias, a corrupção a não ser extirpada e o nepotismo a florescer. O regime instituído está bloqueado e não dá saída aos anseios e expectativas dos jovens. Por isso, Mário Soares, metido no seu mundo, já não enxerga os problemas dos jovens e encastela-se no seu “socialismo” irreal. Escrevinha sobre o mesmo - lança “umas bocas” sobre o neoliberalismo selvagem e desregrado que o seu partido presta vassalagem e se põe a jeito – e não se dá conta da realidade. Lança epítetos injuriosos quando afirma que “essa gente é perigosa, antidemocrática e niilista”. Na verdade, os jovens que desceram a Avenida da Liberdade no passado sábado foram, seguramente, os “filhos” de um regime que, de há uns bons anos a esta parte, se tornou imprevidente, impune, irresponsável, esbanjador e mentiroso. E Mário Soares foi (e é, juntamente com outros figurões) uma figura de proa do mesmo. É natural que o defenda e lance objurgações sobre os jovens. Que, ao contrário do bem instalado Soares, sentem na pele as dificuldades da falta de emprego e de realização pessoal.

Por: António Cândido Gavaia


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