Arquivo: Edição de 18-03-2011
Jovem estava há apenas dois dias no Regimento de Infantaria flaviense Militar levado pela corrente quando quis atravessar rio Tâmega
Ricardo Lagarto, de 20 anos, e natural de Pinhal Novo, pertencia à Unidade de Manutenção do Entroncamento e estava no Regimento de Infantaria de Chaves (RI19) há apenas dois dias. Integrava um grupo de 14 militares que vão permanecer nas instalações militares flavienses durante um mês, em treinos para um exercício poste-rior que terá lugar na Serra da Padrela, em Vila Pouca de Aguiar. Inicialmente, o jovem não estaria destacado para integrar o grupo, mas acabou por ser chamado para substituir um colega. De acordo com o comandante do Regimento flaviense, Megre Barbosa, o jovem terá jantado no quartel e, posteriormente, “na hora de lazer”, e com mais sete colegas, terá “ido tomar café aos bares junto ao rio”. “Depois, decidiriam ir conversar para os banquinhos junto ao rio e ele, por infelicidade, lembrou-se de atravessar as poldras do rio [um conjunto de pedras que ligam as duas margens]”, explicou Megre Barbosa. Ao que foi possível apurar, antes de entrar na água, na zona do Jardim do Tabolado, o jovem, que não saberia nadar, tirou os sapatos e a casaca. Ao que foi possível apurar, os jovens teriam bebido bastante antes do incidente, no entanto, Megre Barbosa não confirma a versão. Três colegas ainda se lançaram à água para salvar o militar, porém, a corrente foi mais forte e acabou por fazer desaparecer o corpo. Dois dos jovens que entraram no rio tiveram de ser levados para o hospital de Chaves por hipotermia. “Estavam tão gelados que o termómetro nem sequer conseguia medir a temperatura”, contou o comandante dos bombeiros de Salvação Pública, José Carlos Silva. As duas corporações de bombeiros da cidade iniciaram as buscas no rio cerca das 01h30, quase uma hora depois do alerta. As equipas de mergulhadores da Régua e de Vila Real chegaram já durante a manhã. No entanto, e apesar da “boa visibilidade” do rio, os mergulhos revelaram-se infrutíferos. A meio da tarde, o comando da operação decidiu alterar a estratégia de busca, abrindo a comporta na zona do Agapito, no sentido de fazer baixar o nível da água. Mas, mesmo assim, do corpo nem sinal. As buscas foram suspensas cercas das 19h00, para serem retomadas no dia seguinte. Os pais do jovem chegaram ao local cerca das 16h00, acompanhados pelo comandante do quartel, que os levou ao local onde o jovem terá entrado na água. Pelo caminho, o casal, sempre abraçado, aproximou-se da margem, onde, ao longo de todo dia permaneceram dezenas curiosos, e, sem dizer uma palavra, olhou o rio. Pouco depois, com ar de quem vai desfalecer, a mãe entrou no carro. O pai encostou a cabeça ao tejadilho da viatura, em aparente sinal de desespero. Minutos depois foram levados embora.
“Colegas ficaram muito abalados” Os sete militares que se encontravam com o jovem desaparecido no rio Tâmega estão a receber acompanhamento psicológico no Hospital Militar no Porto, para onde foram transportados na quarta-feira. “Ficaram muito abalados psicologicamente, sobretudo, os que se atiraram água para salvar o camarada e não conseguiram”, disse o comandante do Regimento de Infantaria 19, Megre Barbosa, revelando que, apesar de o incidente ter acontecido nas horas de lazer dos militares, vai ser aberto um inquérito para apurar o que realmente se passou. Por: Margarida Luzio |
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