Arquivo: Edição de 18-02-2011
Vizinhos dizem que discussões frequentes faziam prever “desgraça” em Vila Verde da Raia Matou o pai com uma foice e feriu a madrasta
Apesar da brutalidade, o crime parece não ter surpreendido ninguém em Vila Verde da Raia. De acordo como os vizinhos, as desavenças entre pai e filho eram constantes e faziam prever a “desgraça”. O incidente ocorreu cerca das 17h30, no quintal da casa onde a vítima, Amílcar Gonçalves, de 72 anos, vivia com a companheira e o filho mais novo. O alegado autor do homicídio, Carlos Teixeira, mora em Chaves, mas, segundo os vizinhos, viria frequentemente a casa do pai “fazer-lhe desfeitas” por causa de desentendimentos relacionados com as partilhas. Ao que o Semanário TRANSMONTANO conseguiu apurar junto de fonte da PJ, não haverá testemunhas oculares do crime. O alegado homicida estará, no entanto, a alegar que actuou em “legítima defesa”, porque no decorrer da discussão, o pai teria ido buscar uma carabina e disparado. Quanto ao golpe que infligiu na cabeça da madrasta, Carlos terá explicado que o fez porque a mulher tentou pegar na carabina, possivelmente para o atingir. No entanto, e apesar de haver indícios de que foi disparado um tiro, a convicção da PJ não será a de que o autor do crime actuou em legítima defesa, tese que irá tentar desmontar. À data de fecho desta edição, a mulher da vítima, de 46 anos e portadora de uma deficiência física acentuada, continuava internada no serviço de neurocirurgia do Hospital de Santo António, no Porto. Estava estabilizada, mas continuava a inspirar cuidados. O alegado homicida manteve--se no local do crime até que a GNR chegou. Foi detido e pernoitou na PSP de Chaves. Segunda-feira à tarde foi apresentado perante um juiz de instrução criminal, no tribunal de Chaves. Depois de várias horas de interrogatório, o juiz aplicou-lhe a prisão preventiva como medida de coação.
Desgraça anunciada
Segundo os vizinhos da família, os desentendimentos entre pai e filho eram recorrentes e o desfecho mais do que previsível. Ainda naquela semana, Carlos terá atingido com uma tesoura da poda a companheira do pai. “As discussões eram quase diárias. Isto já se adivinhava”, contou um morador, lamentando que nem a “GNR nem o Tribunal tenham dado uma solução ao caso”. “E nós, o povo, também não havíamos de ter permitido que isto chegasse a este ponto, mas toda a gente lhe tida medo [ao filho]”, acrescentava outro habitante. Na GNR haverá registos de queixas mútuas. Um dos episódios que levou à actuação da GNR aconteceu em Janeiro do ano passado. Carlos chamou a GNR e acusou o pai de lhe ter disparado vários tiros, que acabariam por atingir o carro onde seguia. Na altura, o idoso terá confessado a autoria dos tiros e entregou a caçadeira com que terá disparado. Além disso, terá colaborado com a GNR, entregando mais seis caçadeiras ( uma de ar comprimido) que tinha em casa. Estariam todas legalizadas. As versões dos dois homens não coincidiam. O pai terá dito que o filho o terá ido provocar junto a casa. O filho diria, pelo contrário, que foi surpreendido pelo pai, com a caçadeira na mão, quando se dirigia para uma terra junto à casa do progenitor. No entanto, para a população de Vila Verde a razão estará do lado do pai. “Se perguntar pelo povo inteiro não há ninguém que diga mal do velhote. Era um santo, não se metia com ninguém”, relatou um morador. Em relação ao filho, as apreciações eram depre-ciativas. Além da pouca sorte do idoso e da companheira, os vizinhos lamentavam a sorte do outro filho da vítima. O rapaz denota, segundo os vizinhos, um atraso mental e viveria às custas do pai, ex-barredor da Câmara.
Por: Margarida Luzio |
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