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Edição de 13-05-2011
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Arquivo: Edição de 18-02-2011

Valpaços

Ânimos exaltados obrigaram à intervenção da GNR

Fecho do hospital provocou dois protestos em quatro dias

A GNR foi obrigada a intervir para impedir que manifestantes invadissem Misericórdia
A GNR foi obrigada a intervir para impedir que manifestantes invadissem Misericórdia
Com apenas dois dias de intervalo, a população de Valpaços levou a cabo dois protestos contra o enceramento do hospital. A GNR foi obrigada a intervir em ambas as manifestações. No protesto de segunda-feira, os manifestantes conseguiram forçar o portão da Misericórdia e só um cordão de militares impediu a invasão do local onde se encontrava o provedor da instituição, a quem exigiam “uma explicação” pelo fecho da unidade. Promessa de reabrir o hospital, por parte do presidente da Câmara, suspendeu luta.

Apesar de já ter fechado há cerca de um mês, a população de Valpaços só parece ter acordado para o fecho do hospital quando, na quinta-feira da semana passada, os cerca de 40 funcionários da unidade, andaram de aldeia em aldeia a confirmar o encerramento e apelar ao protesto.

Foi assim que logo no dia seguinte centenas de pessoas se concentraram junto às instalações do hospital. O protesto ficou marcado por alguns picos de exaltação.

O primeiro momento de fúria que obrigou à intervenção da GNR ocorreu mal alguns manifestantes quiseram cortar, com uma foice, uma faixa de grandes dimensões colocada no edifício do hospital. A banda, onde se podia ler “A Misericórdia quer o Hospital Aberto. Estamos em obras”, acabou queimada no largo em frente ao edifício. Pouco depois, percebendo que os militares da GNR estavam concentrados junto à entrada principal do edifício, duas mulheres correram em direcção à entrada da urgência na tentativa de entrar nas instalações. A custo, os GNR’s travaram a entrada, mas não conseguiram impedir que partissem, com os punhos, os vidros de uma janela e da porta. Ambas se cortaram nas mãos. Mais tarde, já mais calma, Glória, de Fornos do Pinhal, justificava a revolta. “Eu tenho cinco filhos, sou muito doente e não tenho dinheiro para andar a ir para Chaves! Queremos aqui o hospital”, justificava a chorar.

Ao megafone, Guilhermina, funcionária da lavandaria do hospital, gritava: “Senhor Eugénio [provedor da Misericórdia] pedimos-lhe encarecidamente que compareça junto ao hospital para dar uma satisfação”. No entanto, foi o presidente da Câmara, Francisco Tavares, que apareceu para dizer que o hospital é um “bem necessário” e demonstrar a sua “solidariedade” com os trabalhadores.

Misericórdia invadida

No próprio dia, ficou prometido novo protesto para segunda- -feira. E assim foi. Logo pela manhã, população e trabalhadores voltaram a concentrar-se em frente ao hospital e a exigir a presença do provedor. No entanto, Eugénio Morais falou apenas à imprensa, que foi autorizada a entrar nas instalações do hospital.

Enraivecidos, os manifestantes forçaram o portão da Misericórdia e só não invadiram o local onde o provedor se encontrava porque o dispositivo policial, reforçado com militares de vários postos da GNR do Alto Tâmega, foi obrigado a intervir.

“Nós não lhe queremos bater [ao provedor]! Só queremos que nos venha dar uma explicação. Ele tem que nos dar uma palavra”, explicava Manuel Medeiros, de olhar enraivecido. Os ânimos só acalmaram quando, em cima de uma carrinha e de microfone na mão, o presidente da Câmara, Francisco Tavares, pediu “moderação” e garantiu que “vai haver hospital”. “Vamos encontrar uma solução. Ainda ontem falei com a Administração Regional de Saúde e eles estão dispostos a fazer novos acordos para garantir as mesmas valências. E, em relação às urgências, também vamos encontrar uma solução”. Tavares garantiu ainda que a integração dos cerca de 40 funcionários que estão sem trabalho desde o encerramento da unidade será “um ponto de honra”.

A população aplaudiu, mas não ficou totalmente descansada. “Não se deixe enganar senhor presidente!”, “de promessas estamos nós fartos!”, gritavam os manifestantes.

Novos acordos dependentes de obras

O hospital de Valpaços está encerrado há cerca de um mês por terem sido suspensos os acordos que a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) mantinha com Misericórdia de Valpaços. Alegando “desfasamento da realidade”, a ARSN pôs fim aos acordos em causa com várias instituições. No entanto, algumas delas, até à entrada em vigor dos novos protocolos que estão a ser estudados, foi concedida uma moratória de 60 dias, mantendo-se, assim, as comparticipações do Estado. Ontem, o provedor da Misericórdia garantiu que isso não aconteceu em Valpaços por causa de várias “deficiências” que foram detectadas na unidade, ao nível do “sistema de ventilação do ar”, “do quadro eléctrico”, do “laboratório” e que é para corrigir essas “falhas” que estão a ser feitas obras. Em declarações ao Semanário TRANSMONTANO, Antonino Leite, do gabinete de imprensa da ARSN, confirmou a versão do provedor, o que até ao momento ainda não tinha acontecido. “De facto, a ARSN fez uma visita ao hospital e sugeriu que, por critérios de qualidade e exigência, para firmar um novo protocolo, a unidade sofresse obras de beneficiação”, explicou.

No entanto, para a população, que de uma assentada e de forma abrupta ficou sem urgência, internamento e várias consultas de especialidade, a culpa pelo encerramento do hospital recai na Misericórdia, na medida em que o fecho aconteceu depois de a gestão da unidade lhe ter sido entregue por ordem do Tribunal, na sequência de uma providência cautelar interposta pela própria Santa Casa, contra a empresa que, desde 1999, geria o Hospital, a Lusipaços.

Apesar de providência cautelar determinar integração

Misericórdia continua a enjeitar funcionários

Apesar da providência cautelar que determinou a entrega da unidade à Misericórdia por parte da empresa que geria o espaço desde 1999, a Lusipaços, estabelecer também transição do “dos mesmos quadros de trabalhadores”, a Santa Casa continua a enjeitar os funcionários. O provedor da Misericórdia, Eugénio Morais, mantém que os funcionários “são da Lusipaços”. “Entendam-se com ela”, disse, adiantando que estão dispostos a “reintegrar os que lhe mereçam confiança” e segundo a “tabela salarial da União das Misericórdias”.

Por: Margarida Luzio


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