Arquivo: Edição de 04-02-2011
Centenas de pessoas solidárias com menino que precisa de transplante de medula
Gilberto, natural de Boticas, “quase desmaia” quando dá sangue, mas domingo atirou com o medo atrás das costas. Mesmo depois de enfrentar uma fila enorme entrou sorridente na sala dos Bombeiros Voluntários Flavienses, onde a equipa do Centro de Histocompatibilidade do Norte estava a proceder à recolha do sangue. Mas, à cautela, ainda preveniu a técnica que costuma desmaiar e que, se calhar, era melhor que a recolha fosse feita com ele deitado. Não havia aonde. “São três tubos? Isso é muita coisa?”, reclamou, de braço estendido. “Não é nada! Daqui a duas horas está na mesma e já pode ir dar uma corrida”, acalmou-o a técnica. Tal como Gilberto, foram centenas as pessoas que se deslocaram ao quartel dos bombeiros flavienses para “ajudar o Igor”, uma criança de sete anos que tem síndrome mielodisplásica, uma doença relacionada com o mau funcionamento da medula óssea, um tecido esponjoso, também conhecido por tutano, que se encontra no interior dos ossos e que é responsável por fabricar células sanguíneas. A adesão da população superou todas as expectativas. Cerca das 15h00, a uma hora do fim da acção, havia ainda uma extensa fila de gente que, ao frio, aguardava vez. Em vão. Pouco depois, chegou a informação que os mil kits de recolha tinham acabado. A mãe de Igor mostrava-se comovida com o nível da adesão. “Sabia que ia ter bastante afluência, mas não de tanta gente. Julgo que tem a ver com o facto de ser uma pessoa da terra”, disse Elisabete Silva. Hoje, no mesmo local e à mesma hora, a acção de recolha de sangue para encontrar um doador compatível com Igor vai repetir-se. A suspeita da doença de Igor foi diagnosticada no início de Dezembro, numa ida à urgência do Hospital de Chaves e depois de a criança se revelar sempre muito cansada.
O que é a medula óssea? É a fábrica do sangue. fica dentro dos ossos e produzem-se lá os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas. Há doentes que têm a sua fábrica do sangue tão doente que precisam de a substituir por outra, precisam de fazer um transplante de medula. O que é necessário para se ser dador de medula óssea? Preencher o inquérito clínico, depois do inquérito ser analisado será colhida uma amostra de sangue para análises em que serão então estudadas as características tecidulares que vão permitir a comparação ulterior com os doentes que necessitem de transplantação. Depois desta fase o dador é inscrito na base de dados do Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (Cedace) e aguarda que algum dia haja um doente igual.
Como é feita a colheita de células de medula óssea? A colheita de medula óssea poderá ser feita de duas formas diferentes. Por uma técnica chamada citaferése, na qual é possível colher as células a partir de veias periféricas no braço, num processo rápido e simples. O sangue retirado da veia do dador passa através de um aparelho que remove apenas as células necessárias para o transplante, devolvendo as restantes. Na outra forma a colheita é feita no bloco operatório, sob anestesia, por punção dos ossos da bacia. Neste caso há que recorrer a um pequeno internamento de cerca de 24 horas. Não tem riscos para além da pequena anestesia a que é sujeito. O dador poderá sempre optar pela forma de colheita e a qualquer momento pode continuar ou desistir. (Informação retirada do sítio na Internet do Centro de Histocompatibilidade do Norte) Por: Margarida Luzio |