Semanário Transmontano

Imprimido em 04-06-2011 05:51:26
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SECÇÃO: Montalegre

Nem Paulo Portas resistiu ao fumeiro do Barroso
“Perdoa-se o bem que sabe pelo mal que faz”

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Paulo Portas pagou 9,30 euros pelo salpicão que comprou no primeiro stand que visitou
Maria e Luís Cardoso não podem comer carnes de porco. Ela por causa do estômago, ele por causa do enfarte que teve o ano passado. Mas, em Paços de Ferreira, é como no Barroso, “perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe”. Depois, logo se vê. “Amanhã fazemos uma dieta!”, prometia Luís, empresário de mobiliário. Maria lembrava que o que os fez ir ali foram sobretudo as alheiras. “São melhores que as de Mirandela, são mais sequinhas”, explica.
Armindo Campos e a mulher são clientes habituais. “Vimos todos os anos! A qualidade dos produtos é óptima. E a fiscalização funciona! Há bocado comprámos aqui uma bola de carne, depois saímos para almoçar e, quando quisemos entrar outra vez no pavilhão, quiseram revistar o saco, porque pensavam que estávamos a introduzir produtos que não tinham passado pelo controlo cá dentro”, contava Armindo.
Noutro ponto da Feira, as irmãs Pedreira vendiam “licor levanta o pau”. Um e dois. O um é de café, mais apropriado para o homem, e o dois é de ervas“ e “dá para os dois”. Há prova para quem quiser. Lucídia Alves, da Marinha Grande, ordenava ao marido e aos casais que a acompanham que não bebam, “porque funciona mesmo”, mas é ela que acaba por comprar uma garrafa. “Custa dez euros? Isso é um roubo!”, reclamva um amigo de Lucídia. “Se for à farmácia comprar Viagra ainda é mais caro e este não tem efeitos secundários!”, responde a vendedora mais velha. Explosão de risos. O outro casal do Pombal, emigrante no Canadá, entusiasma-se e também compra uma garrafa. O filho reclamava. “Olha que eu logo à noite quero dormir!”. A mãe acalmava-o. “Nós vamos para o barracão”.
Ainda mais ao fundo, Ana Luísa e Carlota, num dos stands mais escondidos, preparavam-se para mais uma ronda à feira, com uma cesta, onde levam taças de aletria, pão com chouriço e biscoitos. Tudo em doses individuais.
O dinheiro conseguido com a venda dos produtos é para ajudar dois colegas da turma de sétimo ano que são deficientes. “Um vive mais ou menos, mas o outro não tem muitas condições”, explicava Ana Luísa, que já está farta de levar tantos empurrões. Carlota queixa-se das costas por causa do peso da cesta.
Mas a hora de mais empurrões ainda estaria para chegar, quando, cerca das 17h00, Paulo Portas, no arranque da campanha à liderança do CDS/PP, desatou a cumprimentar todos os produtores, com as câmaras das televisões a segui-lo. A cumprimentar e não só. No primeiro stand comprou um salpicão. “Quer escolher?”, perguntou a produtora. “Faço-o por mim”, disse Portas, enquanto tirava a carteira do bolso. Pagou 9,30 euros.
Mais à frente, comprou alheiras. “Eu espero sempre pelas feiras de fumeiro para abastecer a minha despensa com produtos nacionais”, explicava Portas, sempre em campanha.
A Feira do Fumeiro do Barroso, que decorreu no passado fim--de-semana, em Montalegre, continua a atrair milhares de pessoas. Uns para comprar, outros para ver. Para o presidente da Câmara, Fernando Rodrigues, a actividade é a tábua de salvação do mundo rural. Pelas contas do autarca, o negócio dentro e fora de feira rondará os cinco milhões de euros.
A XX edição ficará para a história do evento como aquela em que todos os produtores presentes estão, segundo a organização, legalizados.

Por: Margarida Luzio

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