Semanário Transmontano

Imprimido em 28-06-2011 00:35:49
Semanário Transmontano
Versão original em:http://www.semanariotransmontano.com/index.asp?idEdicao=289&id=12358&idSeccao=4416&Action=noticia

SECÇÃO: Valpaços

Chuva e muita GNR enfraqueceram nova manifestação contra fecho do hospital

Foto
O portão da Misericórdia, que no último protesto foi rebentado, teve escolta militar
Menos gente, mais GNR e muita chuva. A manifestação da população de Valpaços, levada a cabo segunda-feira passada contra o encerramento do hospital, foi, pela conjugação daqueles três factores, a menos expressiva das três realizadas desde o fecho da unidade.
Depois de, no último protesto, os manifestantes terem rebentando o portão da Misericórdia, a proprietária e actual gestora do hospital, segunda-feira, todos os acessos à instituição tinham escolta de vários militares da GNR.
Ao contrário das outras manifestações, nesta, as vozes mais ouvidas e emocionadas eram as dos próprios funcionários que ficaram sem trabalho. “Estamos sem receber há três meses. Eu se não fosse os meus irmãos estava a passar fome!”, garantia, Guilhermina Ribas, lembrando que na situação em que estão “nem sequer podem recorrer ao fundo de desemprego, nem procurar outro trabalho”.
Antes, outra funcionária, Maria Dora, apelava ao apoio popular. “Ele [provedor] teima em não nos dar explicações. Precisamos do vosso apoio. A abertura do hospital é boa para todos!”, apelava. A trabalhadora foi aplaudida e os ânimos ainda aqueceram, ouvindo-se algumas palavras de ordem e assobios, mas chuva que caía depressa arrefeceu o ímpeto.
De acordo com alguns funcionários, no passado dia 15, o Tribunal de Trabalho terá estabelecido um prazo para a Misericórdia lhes pagar, para já, um mês de salário. No entanto, os trabalhadores, que no próximo dia 15 de Abril, terão uma nova audiência no tribunal, garantem que a Misericórdia não cumpriu.
Em declarações à imprensa, o provedor da Misericórdia, Eugénio Morais, insistiu, mais uma vez, que os funcionários são da empresa que anteriormente geria o hospital, a Lusipaços. E explicou que o pagamento não foi concretizado porque, estando a Lusipaços em processo de insolvência, todo o património da empresa, incluindo as verbas referentes às comparticipações do Estado que a Misericórdia ainda não teria transferido para a Lusipaços, têm que ser entregue a administradora da insolvência.
Quanto à reabertura da unidade, Eugénio Morais disse que as obras em curso estão praticamente concluídas, mas que continuam sem acordos com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN). Segundo Eugénio Morais, a ARSN só fará acordos quando “sair em julgado” o processo judicial em curso entre a Misericórdia e a Lusipaços.
Depois da concentração junto à Misericórdia, a população ainda se concentrou junto à Câmara. Em vão. O presidente mandou dizer que já fizera tudo que estava ao seu alcance.

“Na Santa Casa quem manda são os irmãos”
Confrontado sobre a moção de recomendação aprovada unanimemente na Assembleia Municipal de Valpaços que pede a sua demissão, o provedor da Misericórdia, Eugénio Morais, considerou tratar-se de um acto “antidemocrático” e “vergonhoso”. “Aqui funciona a democracia e, em democracia, quem manda na Santa Casa sãos os irmãos, que são eleitos democraticamente”.

Por: Margarida Luzio

© 2007 Semanário Transmontano - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
Comentários sobre o site: .

Fechar